Previsões Meteorológicas — mais do que probabilidades?
24/09/2014 Wednesday 24th September 2014, 11:30 (Room P3.10, Mathematics Building)
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Nuno Moreira, Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA)
A previsão meteorológica depende da existência de observações de variáveis físicas (temperatura do ar, humidade relativa do ar, vento, …) e da capacidade de prever a evolução temporal destas variáveis. Depende também de outros parâmetros meteorológicos (convergência, vorticidade, índices de estabilidade, …) que, não sendo diretamente mensuráveis mas indiretamente calculados, permitem construir o cenário futuro da atmosfera no prazo de dias a semanas. A previsão de parâmetros meteorológicos está assente na corrida de modelos numéricos de previsão em supercomputadores de elevado desempenho, disponíveis quer a nível internacional quer a nível nacional. A nível europeu, estes desenvolvimentos são realizados pelo Centro Europeu de Previsão a Médio Prazo (ECMWF), com a disponibilização, duas vezes por dia para todo o Globo, de resultados determinísticos com resolução espacial de 16 km até 10 dias e de resultados probabilísticos com resolução espacial de 64 km até 15 dias. Em Portugal são corridos modelos numéricos de área local, com resolução espacial de 9 km até 72 horas (modelo ALADIN) e de 2.5 km até 48 horas (modelo AROME), este último em 3 domínios distintos – Continente, Madeira e Açores. Enquanto as previsões determinísticas apresentam uma única solução para um instante futuro, as previsões probabilísticas permitem considerar intervalos de variação dos diversos parâmetros meteorológicos, o que se torna particularmente importante para parâmetros mais difíceis de prever, dos quais é exemplo a precipitação. As variações nos parâmetros meteorológicos resultam de perturbações nas condições iniciais dos modelos numéricos, que procuram representar a influência dos erros existentes nas observações meteorológicas. Deste modo, as previsões meteorológicas em formato probabilístico recorrem a parâmetros e produtos disponíveis operacionalmente, tais como: probabilidade de ocorrência, média de ensemble, dispersão, shift of tail, meteograma, Extreme Forecast Index, Spaghetti, Clusters,… . Para prazos mais longos (semanas a meses) e, em parte, de forma experimental são ainda utilizadas anomalias (em relação a períodos passados - climatologia) de alguns parâmetros como a precipitação, a temperatura do ar, a temperatura da água do mar e a pressão atmosférica ao nível médio do mar.
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