A Bioestatística integrada numa perspectiva multidisciplinar
07/03/2008 Friday 7th March 2008, 15:00 (Conference Room, Instituto de Sistemas e Robótica, North Tower, 7th floor, IST)
More
Luzia Gonçalves, CEAUL e Instituto de Higiene e Medicina Tropical - Universidade Nova de Lisboa
Actualmente os investigadores das áreas biomédicas estão mais sensibilizados para a intervenção da Estatística nos seus projectos de investigação. A participação tardia do estatístico (apenas na fase da análise de dados) ainda é frequente. Contudo, existe uma maior preocupação na integração atempada do estatístico na fase do planeamento e recolha de dados. Por outro lado, o desenvolvimento das áreas biomédicas (e.g. Biologia Molecular) tem suscitado o desenvolvimento de metodologias estatísticas cada vez mais sofisticadas e que requerem a intervenção da Teoria das Probabilidades, da Investigação Operacional e das Ciências da Computação, habitualmente, não contempladas nas instituições biomédicas. Neste trabalho aborda-se a problemática do diálogo, nem sempre fácil, com outras áreas do saber de forma a reforçar o papel da Bioestatística em alguns projectos de investigação. Fazendo referência ao Projecto “Epidemiologia e Controlo da Leptospirose nos Açores” ilustram-se os esforços e as dificuldades sentidas no terreno para realizar uma amostragem aleatória e recolher os dados. Outra área importante na Bioestatística relaciona-se com o estudo da sensibilidade e especificidade de técnicas laboratoriais na ausência de uma técnica de referência fiável (Gold standard). Os Modelos de Classes Latentes, tradicionais na Psicologia e Sociologia, têm sido aplicados para estimar especificidades e sensibilidades de técnicas laboratoriais sem fixar uma técnica como referência. Através de um problema prático exemplifica-se a importância destes modelos no diagnóstico de algumas doenças tropicais. Paralelamente, ao explorar este problema prático, surgiu a necessidade de revisitar alguns problemas antigos da Estatística, relacionados com os intervalos de confiança para proporções (próximas de $0$ ou $1$) e, consequentemente, com o cálculo do tamanho da amostra. Em suma, a multidisciplinaridade está naturalmente presente na Bioestatística e as linhas de investigação, em oposição à Estatística Teórica, podem ser enriquecidas pela diversidade de problemas práticos e pelo diálogo com outros profissionais.
|